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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

[CRÍTICA] Sanjuro

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Título original: Tsubaki Sanjûrô
Diretor: Akira Kurosawa
Roteiro: Ryûzô Kikushima, Hideo Oguni e Akira Kurosawa
Elenco: Toshirô Mifune (Sanjurô Tsubaki, O Samurai), Tatsuya Nakadai (Hanbei Muroto), Keiju Kobayashi (O Espião), Yûzô Kayama (Iori Izaka), Reiko Dan (Chidori, filha de Mutsuta), Takashi Shimura (Kurofuji), Kamatari Fujiwara (Takebayashi), Takako Irie (esposa de Mutsuta), Masao Shimizu (Kikui), Yûnosuke Itô (Mutsuta, o Camareiro)
Ano: 1962
Duração: 96 min.


Nesta continuação de Yojimbo (crítica aqui) o que chama a atenção logo no início é a rápida introdução, em que a premissa é apresentada de maneira súbita, representando um desafio ao espectador, que demora algum tempo até entender quem é quem, e qual exatamente é o problema enfrentado pelo grupo inicial de personagens.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

[CRÍTICA] Yojimbo


Yojimbo (Yôjinbô, Japão)


Direção: Akira Kurosawa

Roteiro: Akira Kurosawa, Ryûzô Kikushima

Elenco: Toshirô Mifune (Sanjuro Kuwabatake / O Samurai), Tatsuya Nakadai (Unosuke, o pistoleiro), Eijirô Tonô (Jongi, taberneiro), Yôko Tsukasa (Nui), Isuzu Yamada (Orin),

Kyû Sazanka (Ushitora),
Daisuke Katô (Inokichi, o irmão gordo de Ushitora),



Yoshio Tsuchiya (Kohei),

Seizaburô Kawazu (Seibei, operadora do bordel),



Yosuke Natsuki (filho de Kohei)





Ano de lançamento: 1961

Duração: 110 min.

Sinopse: Um habilidoso samurai (Toshirô Mifune) chega a uma cidade que é dominada e aterrorizada por duas gangues rivais, e decide jogar uma contra a outra para libertá-la do domínio dos criminosos.


Crítica:
Este é o 3º filme do Kurosawa que assisto, e novamente chama a atenção todo cuidado com que o diretor escolhe seus enquadramentos, e distribui com elegância os atores pelo cenário, deixando clara a posição de cada um deles no espaço, algo que muitos diretores atuais não têm o cuidado de fazer, o que compromete o entendimento da dinâmica dos atores em cena.
Também há o bom uso de espaços amplos, muitos deles desertos, que põem o indivíduo em perspectiva com o mundo que o cerca, um recurso muito usado por Sergio Leone em seus faroestes, o que deixa clara a influência de Kurosawa em sua obra.
Toshirô Mifune, mais a vontade do que nunca após ter interpretado tantos samurais em sua carreira, compõe um personagem que desperta carisma no espectador conforme seu caráter, bravura, e habilidade no manejo da espada se manifestam.
Mesmo tratando-se do retrato de um período conturbado do Japão, e apesar da premissa, que poderia perfeitamente render um filme com uma abordagem mais séria, Kurosawa é habilidoso em dosar tensão e humor, sem que um prevaleça sobre o outro. As interpretações caricatas contribuem para o tom cômico de algumas cenas que intermeiam combates mais violentos, embora estes surjam mais teatrais do que realistas.
O filme pode incomodar aqueles que esperam uma história mais movimentada, pois sua primeira metade é reservada para a apresentação do cenário e dos personagens, e para mostrar, sem pressa, as estratégias usadas por Sanjuro para acirrar a rivalidade entre as gangues, e acelerar um conflito direto.
A metade final guarda alguns dos melhores momentos, revelando as reais intenções do samurai e, o mais importante, sua humanidade. Neste ponto a seqüência mais emblemática é a fuga de Seijuro do covil onde foi espancado. Realista nos obstátulos enfrentados, e sem façanhas impossíveis, a seqüência expõe a fragilidade do herói, que passa por apuros quando depende apenas de sua arma para defender-se. Assim, quando a vitória vem, seus valores ganham um peso maior, pois os mesmos trazem consigo a superação da fragilidade humana que todos nós partilhamos.
Akira Kurosawa e Toshirô Mifune novamente mostram porque sua longa parceria é considerada uma das melhores da história do cinema.
Nota: 4,5 de 5

[CRÍTICA] Yojimbo



Título original: Yôjinbô, Japão
Direção: Akira Kurosawa
Roteiro: Akira Kurosawa, Ryûzô Kikushima
Elenco: Toshirô Mifune (Sanjuro Kuwabatake / O Samurai), Tatsuya Nakadai (Unosuke, o pistoleiro), Eijirô Tonô (Jongi, taberneiro), Yôko Tsukasa (Nui), Isuzu Yamada (Orin),
Kyû Sazanka (Ushitora),
Daisuke Katô (Inokichi, o irmão gordo de Ushitora),
Yoshio Tsuchiya (Kohei),
Seizaburô Kawazu (Seibei, operadora do bordel),
Yosuke Natsuki (filho de Kohei)
Ano de lançamento: 1961
Duração: 110 min.
Sinopse: Um habilidoso samurai (Toshirô Mifune) chega a uma cidade que é dominada e aterrorizada por duas gangues rivais, e decide jogar uma contra a outra para libertá-la do domínio dos criminosos.



Este é o 3º filme do Kurosawa que assisto, e novamente chama a atenção todo cuidado com que o diretor escolhe seus enquadramentos, e distribui com elegância os atores pelo cenário, deixando clara a posição de cada um deles no espaço, algo que muitos diretores atuais não têm o cuidado de fazer, o que compromete o entendimento da dinâmica dos atores em cena.

Também há o bom uso de espaços amplos, muitos deles desertos, que põem o indivíduo em perspectiva com o mundo que o cerca, um recurso muito usado por Sergio Leone em seus faroestes, o que deixa clara a influência de Kurosawa em sua obra.

Toshirô Mifune, mais a vontade do que nunca após ter interpretado tantos samurais em sua carreira, compõe um personagem que desperta carisma no espectador conforme seu caráter, bravura, e habilidade no manejo da espada se manifestam.

Mesmo tratando-se do retrato de um período conturbado do Japão, e apesar da premissa, que poderia perfeitamente render um filme com uma abordagem mais séria, Kurosawa é habilidoso em dosar tensão e humor, sem que um prevaleça sobre o outro. As interpretações caricatas contribuem para o tom cômico de algumas cenas que intermeiam combates mais violentos, embora estes surjam mais teatrais do que realistas.

O filme pode incomodar aqueles que esperam uma história mais movimentada, pois sua primeira metade é reservada para a apresentação do cenário e dos personagens, e para mostrar, sem pressa, as estratégias usadas por Sanjuro para acirrar a rivalidade entre as gangues, e acelerar um conflito direto.

A metade final guarda alguns dos melhores momentos, revelando as reais intenções do samurai e, o mais importante, sua humanidade. Neste ponto a seqüência mais emblemática é a fuga de Seijuro do covil onde foi espancado. Realista nos obstátulos enfrentados, e sem façanhas impossíveis, a seqüência expõe a fragilidade do herói, que passa por apuros quando depende apenas de sua arma para defender-se. Assim, quando a vitória vem, seus valores ganham um peso maior, pois os mesmos trazem consigo a superação da fragilidade humana que todos nós partilhamos.

Akira Kurosawa e Toshirô Mifune novamente mostram porque sua longa parceria é considerada uma das melhores da história do cinema.


Nota: 4,5 de 5

segunda-feira, 2 de maio de 2011

[CRÍTICA] Rashomon


Rashomon (Rashômon, Japão)

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Direção: Akira Kurosawa
Roteiro: Akira Kurosawa, Kazuo Miyagawa, Ryonosuke Akutagawa, Shinobu Hashimoto
Elenco: Minoru Chiaki (Sacerdote), Takashi Shimura (Lenhador), Kichijiro Ueda (Plebeu), Machiko Kyô (Masako Kanasawa), Toshirô Mifune (Tajômaru), Masayuki Mori (Takehiro Kanasawa), Fumiko Honma (Médium), Daisuke Katô (Policial)
Ano de lançamento: 1950
Duração: 88 min.

Sinopse: O filme descreve um estupro e assassinato através dos relatos amplamente divergentes de quatro testemunhas. A história se desvela em flashbacks conforme quatro personagens recontam os eventos de uma tarde em um bosque, através de um flashback dentro de outro, pois os relatos das testemunhas são recontados por um lenhador (Takashi Shimura) e um sacerdote (Minoru Chiaki) para um grosseiro plebeu (Kichijiro Ueda), enquanto eles esperam por uma tempestade em um portal arruinado. Cada história é mutuamente contraditória, deixando o espectador incapaz de determinar a verdade sobre os eventos.

Crítica:
Considerado a obra-prima de Akira Kurosawa, dono de um dos roteiros mais inovadores do cinema, Rashomon é um dos filmes de maior influência da história da 7ª arte, tendo servido de fonte de inspiração tanto para inúmeras produções cinematográficas, como também para séries de TV e até desenhos animados. Com tantos atributos, falar desta obra de Kurosawa se torna uma tarefa que intimida qualquer cinéfilo que se dedica a escrever sobre sua paixão e tem o mínimo de respeito por ela.

A trama é envolvente do início ao fim, explorando múltiplos pontos de vista, e a verdade por trás do assassinado de um samurai. Nela importa mais desvendar os motivos que levaram cada personagem a contar versões contraditórias de um mesmo fato, do que a verdade em si. É interessante notar que cada narrador opta por uma abordagem que, de uma maneira ou de outra, preserve sua honra, uma das virtudes mais valorizadas pelos japoneses.

Já a direção de Kurosawa exibe um virtuosismo que em nenhum momento é usado gratuitamente. Seus travellings surgem na medida certa, embrenhando-se na floresta em que se passa boa parte da trama, sem que a câmera que acompanha toda a ação do elenco se perca em tomadas confusas. Seus ângulos e enquadramentos são determinados com precisão, compondo um mise en scène harmônico. Além disso, durante as cenas dos depoimentos, Kurosawa opta por jamais mostrar os interrogadores, cujas vozes sequer são ouvidas, evidenciando seu desejo de reservar tal papel a nós, espectadores, que acompanhamos as narrativas conflituosas.

É notória ainda a estrutura engenhosa do roteiro, que se desenrola em três níveis distintos: o primeiro sendo aquele em que o padre, o lenhador e o plebeu conversam debaixo do portal Rashomon; enquanto no segundo temos as seqüências que correspondem às narrativas do lenhador e do padre referentes aos interrogatórios; e no terceiro temos as múltiplas versões do crime da floresta. A maneira com que os três são apresentados e se alternam é elegante o bastante para tornar a trama mais intrigante do que confusa (embora haja uma parcela intencional de confusão).

Confesso que as atuações me incomodaram um pouco por seu overacting, mas, levando em conta que a maioria delas estão inseridas nas narrativas apresentadas pelo lenhador e o padre ao plebeu, não se pode descartar a idéia de que as mesmas refletem a impressão dos narradores sobre aqueles personagens, e não os personagens tais como são na realidade.

Seja como for, 61 anos depois, Rashomon permanece como uma obra que merece todo prestígio e respeito que conquistou. Magnum opus de um dos diretores cuja obra todo amante de cinema deve conhecer.

Nota: 5 de 5