terça-feira, 30 de agosto de 2011

[CRÍTICA] Patton - Rebelde ou Herói?

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Título original: Patton
Direção: Franklin J. Shafner
Roteiro: Francis Ford Coppola e Edmund H. North
Elenco: George C. Scott (Gen. George S. Patton Jr.), Karl Malden (Gen. Omar N. Bradley), Stephen Young (Cap. Chester B. Hansen), Michael Strong (Brig. Gen. Hobart Carver), Albert Dumortier (ministro marroquino), Frank Latimore (Ten. Cel. Henry Davenport), Morgan Paull (Cap. Richard N. Jenson), Karl Michael Vogler (Marechal de Campo Erwin Rommel)
Ano: 1970


Dono de uma das aberturas mais icônicas do cinema norte-americano, Patton - Rebelde ou Herói? hipnotiza o espectador já em seus primeiros minutos. Um general, lotado de medalhas no peito, discursando de maneira franca e enérgica diante de uma imensa bandeira dos Estados Unidos, é uma imagem que desperta uma curiosidade natural, especialmente pela postura desafiadora do homem diante de um símbolo colossal.

Quando um filme é quase inteiramente focado num personagem real, o mínimo que esperamos é que o protagonista seja uma figura interessante, que faça por merecer o tempo investido em sua história. Felizmente Patton não decepciona como cinebiografia.

Prodígio dos campos de batalha, profundo conhecedor das grandes guerras da história da humanidade, poeta, desenhista, Patton é um homem religioso que acredita em vidas passadas (a ponto de afirmar que foi soldado em todas as suas encarnações anteriores), não consegue segurar a língua, ama entrar de cabeça num confronto armado, chegando mesmo a enfrentar sozinho dois bombardeiros aéreos com uma pistola (!).

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Franklin J. Shafner prova ser o diretor certo para o filme. Numa história que passa por vários países, sua preferência por grandes panorâmicas ajuda o espectador a situar-se em meio a várias mudanças de locação, além de transmitir a amplitude das batalhas que ocorrem na trama, todas dirigidas com muita competência.

Sua direção ainda se destaca na forma como retrata o estado psicológico de Patton, especialmente depois que se ele vê privado de seus poderes. Deste ponto em diante são freqüentes as cenas em que Patton aparece em cenários vazios, que realçam sua solidão, ou em quadros onde aparece "diminuído" diante de seus subordinados. O mesmo se dá quando o encontramos num quarto de hotel encarando seu reflexo de ponta cabeça no espelho do teto, logo após receber a notícia de que, ao contrário do que ele esperava, não participará de uma grande investida militar. Um uso inteligente de metáfora visual que comenta sutilmente a mudança de rumo que sua vida sofreu.


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Apesar da abertura transpirar patriotismo, o filme em si não é excessivamente patriótico, pois foca-se mais no estudo do personagem-título. George C. Scott encarna o Gel. Patton com segurança, tornando-o carismático, e despertando respeito e compaixão pelo protagonista, além de divertir em vários momentos graças à sua língua solta e afiada, que sempre o bota em complicações cada vez maiores.

Ao contrário do que alguns alegam, não achei o filme episódico nem arrastado. O ritmo é agradável, e evita que o filme torne-se monótono. Suas quase 3 horas de duração passam sem que se note.

Terminando com uma ótima ironia visual, que reforça a idéia do protagonista ser uma espécie de Dom Quixote moderno, Patton é um filme de guerra que surpreende por sua relativa leveza. O roteiro de Francis Ford Coppola e Edmund H. North ficcionaliza e explora de maneira respeitosa e bem humorada a vida de um personagem cujo fascínio deve muito à inspirada interpretação de George C. Scott, e à direção eficiente e inspirada de Franklin J. Schaffner.

Nota: 4,5 de 5

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