segunda-feira, 2 de maio de 2011

[CRÍTICA] Minha Amada Imortal


Minha Amada Imortal (Immortal Beloved, Reino Unido e EUA)

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Direção: Bernard Rose
Roteiro:

Bernard Rose
Elenco: Gary Oldman (Ludwig van Beethoven), Jeroen Krabbé (Anton Feliz Schindler), Isabella Rossellini (Anna Marie Erdödy), Johanna ter Steege (Johanna Reiss), Marco Hofschneider (Karl van Beethoven), Valeria Golino (Giulietta Guicciardi)
Ano de lançamento: 1994
Duração: 121 min.

Sinopse: Viena, 1827. Ludwig Von Beethoven (Gary Oldman) morre e um grande amigo do compositor, Anton Felix Schindler (Jeroen Krabbé), decide cumprir o último desejo do maestro, que deixava em testamento tudo para a "Amada Imortal", sem especificar o nome desta mulher.

Assim empreende uma jornada tentando localizá-la, encontrando em sua procura um retrato desconhecido de Beethoven.

Crítica:
Possuindo uma estrutura narrativa que lembra a de Cidadão Kane, a trama de Minha Amada Imortal é sustentada pelos depoimentos de personagens que conviveram em algum momento com Ludwig van Beethoven (Gary Oldman), do auge à decadência de sua carreira e de sua saúde.

Além da primorosa direção de arte e figurinos, que recriam com excelência o período histórico em que se passa a trama, a ótima fotografia valoriza os cenários e paisagens, seja realçando a suntuosidade de ambientes requintados, ou refletindo nestes o estado interior do protagonista.

Outra aspecto técnico que se destaca é o design de som, que reproduz com precisão a surdez de Beethoven em diversos momentos da história, levando o espectador a dividir com o personagem desde o aflitivo momento em que sai pelas ruas à procura de Karl (Marco Hofschneider), até o belíssimo instante em que ele demora alguns segundos para se dar conta de que estava sendo aplaudido de pé por uma platéia extasiada.

Usando de maneira inteligente composições do próprio Beethoven em quase toda a trilha sonora, ressaltando a importância de passagens marcantes na vida do compositor, Bernard Rose utiliza com brilhantismo o 2º movimento da 7ª Sinfonia em A maior, op. 92, para pontuar os conflitos entre Beethoven e Johanna (Johanna ter Steege) pela guarda de Karl, cuja profundidade só passamos a entender no último ato do filme. E, claro, a belíssima execução de Ode à Alegria, da 9ª Sinfonia, no momento mais sublime o filme, o qual faz por merecer um parágrafo à parte.

Beethoven sobe ao palco para acompanhar de perto a execução daquele que é o auge de sua obra mais famosa, e a partir daí começa uma alternância entre cenas do teatro onde ele se encontra diante da orquestra, e outras de um episódio marcante de sua infância. Toda a seqüência é de uma beleza arrebatadora, e termina com Beethoven, ainda menino, flutuando sobre a superfície de um lago que reflete o céu noturno acima. A câmera vai se afastando da criança, que se perde no meio das estrelas. O simbolismo é simples e direto: naquele que é seu momento de maior realização, Beethoven rememora o primeiro passo que deu na infância, para longe da pobreza e do sofrimento que o cercavam, e alcança com sua obra um patamar mais elevado, que o faz sentir-se parte de algo maior que ele próprio.

O filme poderia perfeitamente acabar sem prejuízos na cena descrita no parágrafo acima. Eu mesmo a considero o final ideal, mas o diretor preferiu se estender um pouco mais, e amarrar as pontas soltas que espalhou no decorrer da história, as quais são bem resolvidas, e emocionam na medida certa, mas não conseguem se igualar à catarse proporcionada minutos antes.

Com um elenco de interpretações competentes e equilibradas, destaca-se, obviamente, Gary Oldman, que faz um trabalho brilhante, conseguindo retratar bem o efeito dos anos sobre o personagem, e a deterioração física e mental de Beethoven, apoiado pela boa maquiagem. Isabella Rossellini também faz um ótimo trabalho interpretando Anna Marie Erdödy.

Minha Amada Imortal é tanto uma excelente cinebiografia de Beethoven, como um estudo sensível de um personagem cuja obra eternizou-se na consciência coletiva da humanidade. Não há neste mundo quem não conheça uma composição que seja deste gênio que até hoje desperta enorme fascínio, elevando a alma de quem ouve suas composições a dimensões apenas vislumbradas pelo homem em seus sonhos mais sublimes.

Nota: 5 de 5

Um comentário:

  1. DE FATO, SUBLIME....UM FILME ARREBATADOR, EU CONFESSO QUE ME SENTI EM OUTRA ESFERA COM ESTA CENA DO LAGO.....INESQUECÍVEL!

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