segunda-feira, 9 de maio de 2011

[CRÍTICA] Yojimbo


Yojimbo (Yôjinbô, Japão)


Direção: Akira Kurosawa

Roteiro: Akira Kurosawa, Ryûzô Kikushima

Elenco: Toshirô Mifune (Sanjuro Kuwabatake / O Samurai), Tatsuya Nakadai (Unosuke, o pistoleiro), Eijirô Tonô (Jongi, taberneiro), Yôko Tsukasa (Nui), Isuzu Yamada (Orin),

Kyû Sazanka (Ushitora),
Daisuke Katô (Inokichi, o irmão gordo de Ushitora),



Yoshio Tsuchiya (Kohei),

Seizaburô Kawazu (Seibei, operadora do bordel),



Yosuke Natsuki (filho de Kohei)





Ano de lançamento: 1961

Duração: 110 min.

Sinopse: Um habilidoso samurai (Toshirô Mifune) chega a uma cidade que é dominada e aterrorizada por duas gangues rivais, e decide jogar uma contra a outra para libertá-la do domínio dos criminosos.


Crítica:
Este é o 3º filme do Kurosawa que assisto, e novamente chama a atenção todo cuidado com que o diretor escolhe seus enquadramentos, e distribui com elegância os atores pelo cenário, deixando clara a posição de cada um deles no espaço, algo que muitos diretores atuais não têm o cuidado de fazer, o que compromete o entendimento da dinâmica dos atores em cena.
Também há o bom uso de espaços amplos, muitos deles desertos, que põem o indivíduo em perspectiva com o mundo que o cerca, um recurso muito usado por Sergio Leone em seus faroestes, o que deixa clara a influência de Kurosawa em sua obra.
Toshirô Mifune, mais a vontade do que nunca após ter interpretado tantos samurais em sua carreira, compõe um personagem que desperta carisma no espectador conforme seu caráter, bravura, e habilidade no manejo da espada se manifestam.
Mesmo tratando-se do retrato de um período conturbado do Japão, e apesar da premissa, que poderia perfeitamente render um filme com uma abordagem mais séria, Kurosawa é habilidoso em dosar tensão e humor, sem que um prevaleça sobre o outro. As interpretações caricatas contribuem para o tom cômico de algumas cenas que intermeiam combates mais violentos, embora estes surjam mais teatrais do que realistas.
O filme pode incomodar aqueles que esperam uma história mais movimentada, pois sua primeira metade é reservada para a apresentação do cenário e dos personagens, e para mostrar, sem pressa, as estratégias usadas por Sanjuro para acirrar a rivalidade entre as gangues, e acelerar um conflito direto.
A metade final guarda alguns dos melhores momentos, revelando as reais intenções do samurai e, o mais importante, sua humanidade. Neste ponto a seqüência mais emblemática é a fuga de Seijuro do covil onde foi espancado. Realista nos obstátulos enfrentados, e sem façanhas impossíveis, a seqüência expõe a fragilidade do herói, que passa por apuros quando depende apenas de sua arma para defender-se. Assim, quando a vitória vem, seus valores ganham um peso maior, pois os mesmos trazem consigo a superação da fragilidade humana que todos nós partilhamos.
Akira Kurosawa e Toshirô Mifune novamente mostram porque sua longa parceria é considerada uma das melhores da história do cinema.
Nota: 4,5 de 5

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