sábado, 16 de abril de 2011

[CRÍTICA] Cinzas no Paraíso


Título original: Days of Heaven
Direção: Terrence Malick
Roteiro: Terrence Malick
Elenco: Richard Gere (Bill), Brooke Adams (Abby), Sam Shepard (O Fazendeiro), Linda Manz (Linda), Robert J. Wilke (O Capataz da Fazenda)
Ano: 1978
Duração: 94 min.




Terrence Malick filma a natureza como poucos diretores o fazem (no momento me recordo apenas de Ki-duk Kim, em seu Primavera, Verão, Outono, Inverno ... e Primavera), e a integra tão bem à história. A começar pela escolha de filmar boa parte de Cinzas no Paraíso durante a "hora mágica" (durante o pôr e o nascer do sol), que é uma daquelas horas em que a luz parece tão perfeitamente distribuída que tudo parece mais nítido, mais vibrante e mítico.

Também é importante notar a quantidade de cenas em que vemos os atores mergulhados num mar dourado de trigo, ou envoltos num cenário natural que, por mais tocado que tenha sido pelo homem, conserva sua beleza e exuberância.

Cinzas no Paraíso é um deleite visual, e Malick usa este recurso com maestria, transmitindo ao espectador o mesmo fascínio que ele parece sentir ao filmar cada cena que mostra o homem tão intimamente (eu diria até sensualmente) ligado ao cenário, justificando, dessa forma, o nome original do filme (Dias de Paraíso, numa tradução literal).

Junte a isto a história de uma relação entre um casal de irmãos que beira o pecaminoso, e temos uma bela metáfora sobre um dos arquétipos mais conhecidos da humanidade: o paraíso perdido. Tal interpretação é fortalecida tanto pela escolha dos cenários e do contexto histórico, quanto pelo fato de ser um menina a narradora da história, que numa inversão de papéis surge como a personagem mais madura, e talvez a mais enigmática da trama.

Este é o segundo filme que vejo do Malick (o primeiro foi Além da Linha Vermelha), e desde já posso afirmar que o considero um dos diretores mais fascinantes em atividade hoje, tanto quanto a natureza que lhe desperta tanto encanto, e é por ele filmada de forma tão arrebatadora. É o cinema arte em seu estado mais elevado.




Nota 5 de 5

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