sábado, 23 de abril de 2011

[CRÍTICA] Secretária


Título original: Secretary
Direção: Steven Shainberg
Roteiro: Steven Shainberg e Erin Cressida Wilson
Elenco: Maggie Gyllenhaal (Lee Holloway), James Spader (Sr. Grey), Jeremy Davies (Peter), Lesley Ann Warren (Joan Holloway), Steven McHattie (Burt Holloway), Jessica Tuck (Tricia O'Connor)
Ano: 2002
Duração: 104 min.




Maggie Gyllenhaal faz um excelente trabalho de interpretação, desde a escolha de uma voz que transmite fragilidade e insegurança, até toques nervosos, como a mania de botar a língua pra fora enquanto datilografa, ficar batendo os pés de ansiedade, ou enrolar os cabelos com os dedos.
Como praticamente o filme inteiro gira em torno da relação de Lee com Edward, James Spader também se destaca como o chefe neurótico, metódico e com uma abordagem um tanto controversa de mudar hábitos que julga contraproducentes na garota. Neste sentido, o diálogo em que ambos se abrem um para o outro em tom intimista é o melhor momento do casal de atores no filme, que acaba funcionando como ponto de virada para a trama.
A hora em que ele oferece a Lee uma xícara de chocolate quente e logo em seguida tira proveito da situação para fazer uma pergunta incômoda e crucial, a fim de alcançar o que pretende, é brilhante pela estratégia psicológica que se esconde por trás daquele gesto simples.
Os jogos sexuais que se iniciam no 3º ato podem incomodar alguns espectadores, pois representa uma mudança de tom na história, mas não é de todo absurda se consideramos que se trata essencialmente de uma relação de duas pessoas afetadas e reprimidas, as quais justamente por tais problemas têm dificuldades em encontrar quem aceite e incentive suas tentativas de satisfazer suas necessidades e expor seus sentimentos, mesmo que de uma maneira distorcida.
Importante notar que o único momento em que Lee aparece nua é numa seqüência poética e erótica, diferente das cenas vulgares e degradantes que ela protagoniza com Edward no decorrer do filme, o que serve como uma bela metáfora visual da pureza, paz e acolhimento sentido por ela. O fato de Edward estar vestido no início da seqüência reforça a idéia que a própria Lee vinha alimentando sobre ele: seu papel protetor diante dela.
Drama com toques de comédia que pode dividir opiniões, mas que não tem medo de abraçar o ridículo sem com isto desrespeitar seus personagens, com suas fragilidades e peculiaridades. E é sempre um prazer assistir Maggie Gyllenhaal fazer outra coisa que ela faz muito bem (além de ser ótima atriz): ser provocante e sexy, como bem colocou o Ricardo logo abaixo.




Nota 4 de 5

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