domingo, 24 de abril de 2011

[CRÍTICA] Evangelion: 2.0 You Can (Not) Advance


Título original: Evangelion shin gekijôban: Ha
Direção: Masayuki, Kazuya Tsurumaki, Hideaki Anno
Roteiro: Hideaki Anno
Elenco (vozes): Kotono Mitsuishi (Misato Katsuragi), Megumi Ogata (Shinji Ikari), Yûko Miyamura (Asuka Langley Shikinami), Kôichi Yamadera (Ryoji Kaji), Fumihiko Tachiki (Gendo Ikari), Yuriko Yamagushi (Ritsuko Akagi), Maaya Sakamoto (Mari Illustrious Makinami), Miki Nagasawa (Maya Ibuki), Megumi Hayashibara (Rei Ayanami / Pen Pen / Yui Ikari)
Ano: 2009
Duração: 112 min.




Novamente me encontro na obrigação de dizer que não consigo ser imparcial quando se trata de Evangelion, portanto minha opinião sobre este filme, em parte, foi embasada por comparações feitas com a série de 1996.

Desta vez já começamos com a apresentação de Mari, a piloto criada exclusivamente para esta nova versão. Neste filme seu papel foi tangencial, e o pouco que se concluiu da personagem é que trata-se de uma jovem mais madura e decidida que os demais pilotos, além de ter um conhecimento mais profundo sobre o funcionamento dos EVAs. Sua participação na batalha contra o 10º anjo pode incomodar os fãs da série original, mas os eventos que levaram a isto foram bem arquitetados.

Ainda sobre Mari, achei curioso o visual da unidade 5, que ela pilota logo no início do filme, o qual lembra mais um Transformer do que um EVA. Talvez um indício de que a tecnologia usada por outros países na construção de suas unidades não se baseia nos conhecimentos que a Seele possui sobre o segredo por trás da origem dos EVAs 00, 01 e 02.

Curioso também é o fato de Mari ser capaz provocar um berserk no EVA 02, tornando-a desde já uma das personagens mais misteriosas desta nova versão de Evangelion.

Outro acréscimo bem-vindo foi tornar mais claro o aspecto internacional da inciativa global que levou vários países a desenvolverem unidades EVA, além de criarem um protocolo de regulamentação sugestivamente batizado de Protocolo do Vaticano, que por sua vez reforça a presença, mesmo que não totalmente explícita, de motivações religiosas por trás do mega-projeto científico.

É notável ainda o trabalho de desenvolvimento da relação entre os personagens. Não apenas o relacionamento entre Shinji e Rei foi melhor explorado que na série original, como também o conturbado relacionamento entre ele e Asuka, mesmo que de maneira breve, mas essencial para o que ocorre mais adiante no filme. Aliás, é elogiável também a decisão de antecipar insights da psique de Asuka, algo que aconteceu bem mais tarde na versão de 1996, e que aqui veio na hora certa para tornar sua participação na história mais marcante.

As mudanças no papel que alguns personagens desempenham em momentos-chave da trama principal também chama a atenção. Mesmo que representem mudanças significativas com relação à obra original, eu achei que elas potencializaram o aspecto dramático dos mesmos, além de tornar alguns personagens mais fortes que suas versões de 96.

A idéia de Asuka ocupar o papel que originalmente foi de Toji como piloto do EVA 03 foi uma mudança que de início me incomodou, mas que funciona admiravelmente bem diante do cenário armado por toda a subtrama de Rei preparando um jantar conciliatório para Shinji e Gendo, para o qual Asuka havia sido convidada. Sua presença na batalha traumática entre a Unidade 01 e a 03 não teria um peso tão grande se por trás dela não houvesse esse elemento trágico.

Evangelion ganhou neste segundo filme uma arquitetura dramática mais forte e de ressonâncias mais profundas, cuja importância é essencial para que a apoteótica seqüência final seja ao mesmo tempo visualmente arrebatadora e dramaticamente emocionante.

Infelizmente o papel de Kaworu nesta releitura de Evangelion permanece um mistério, mas a julgar por sua breve participação na seqüência pós-créditos, desta vez ele não será tão amistoso quanto na versão original.

Até aqui Rebuild of Evangelion tem se mostrado uma obra tão fascinante quanto a série de 1996, e já mostra indícios de que pode torna-se um trabalho mais maduro.




Nota 4,5 de 5

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