sábado, 4 de junho de 2011

[CRÍTICA] Caro Diário


Título original: Caro Diario
Direção: Nanni Moretti
Roteiro: Nanni Moretti
Elenco: Nanni Moretti (ele mesmo), Jennifer Beals (ela mesma), Alexandre Rockwell (ele mesmo), Renato Carpentieri (Gerardo), Antonio Neiwiller (Prefeito de Stromboli), Moni Ovadia (Lucio di Alicudi)
Ano: 1993
Duração: 100 min.




Aconteceu um lance curioso comigo. Ontem eu estava pensando em como eu adoraria assistir um filme em que boa parte dele consistisse apenas num personagem viajando por estradas e ruas de um país que desconheço, com a câmera o acompanhando nestas viagens, sem ficá-las interrompendo com histórias e tramas que não me interessavam tanto. Daí hoje finalmente resolvi assistir Caro Diário sem ter a menor idéia de que ele satisfaria, em parte, esse meu desejo em seu primeiro ato.


Mas este longa de Nanni Moretti não se contenta em apresentar sua Roma sob uma mesma estrutura narrativa, e muda tudo quando o acompanhamos ao lado do amigo que há 30 anos não assiste TV, e se dedica desde então a estudar "Ulisses" de James Joyce. Nesta parte estão alguns dos momentos mais divertidos do filme, como a ilha dominada por crianças que atendem o telefone no lugar de seus pais; o empolgado prefeito de Stromboli, que sonha em recuperar da glória possuída outrora pela ilha italiana; e o amigo recém-viciado em TV, que entra em desespero quando se vê preso numa ilha sem eletricidade.

O último capítulo é praticamente um outro filme. Na verdade Caro Diário funciona mais como uma antologia de três curtas que giram em torno de um mesmo personagem. O último, apesar de ir contra o formado de road movie, que vinha sendo a linha seguida pelos dois primeiros atos, ainda casa com o restante do projeto como mais um capítulo do diário do diretor, e guarda uma boa crítica sobre o papel dos médicos na sociedade, e as falhas cometidas por boa parte deles.

Um filme agradável de se assistir justamente por não soar pretensioso. Diverte e leva seu público a refletir em alguns momentos, mas de maneira leve e como conseqüência natural do que é mostrado. Ótimo para uma daquelas tardes preguiçosas de domingo, como foi o meu caso.




Nota 4 de 5

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