sexta-feira, 24 de junho de 2011

[CRÍTICA] Onde Começa o Inferno


Título original: Rio Bravo
Direção: Howard Hawks
Roteiro: Jules Furthman e Leigh Brackett
Elenco: John Wayne (Xerife John T. Chance), Dean Martin (Dude), Ricky Nelson (Colorado Ryan), Angie Dickinson (Feathers), Walter Brennan (Stumpy), Ward Bond (Pat Wheeler), John Russell (Nathan Burdette), Pedro Gonzalez Gonzalez (Carlos Robante)
Ano: 1959
Duração: 141 min.




Você sabe que está diante de um clássico da 7ª arte quando todos os personagens conquistam sua simpatia em seus primeiros minutos de tela, e fazem com que você se importe com o destino deles desde então. Quando cada ator desempenha seu papel no máximo de sua capacidade, e faz com que você respeite seu personagem, ou tenha compaixão por ele, ou lhe dá vontade de conhecê-lo pessoalmente, pois seria uma ótima companhia para um bate-papo.

Onde Começa o Inferno é um filme movido mais por seus personagens do que pela trama que os envolve. Temos o respeitável e admirável John T. Chance, cuja integridade e senso de justiça são elevados quase à condição de mito por um dos atores mais lendários do cinema. Este é o primeiro filme de John Wayne que assisto, mas é notável a atmosfera de reverência que o acompanha sempre que se faz presente. Seu xerife Chance é um dos personagens mais icônicos do gênero, e cada pequena atitude que ele toma, a fim de ajudar seu amigo Dude a livrar-se de sua condição deplorável, faz com que nosso respeito e admiração por ele cresçam.

Já a interpretação de Dean Martin é impecável, o andar pesado, os gestos e olhares hesitantes, as mãos que tremem ao tentar enrolar um cigarro, a ansiedade e a impulsividade contidas, nas muitas tentativas de resistir à voz de seu vício, movido pelo desejo superá-lo, tudo isto faz com que torçamos para que Dude derrote seus demônios, e siga em frente. E é graças a ele que a cena clássica de confraternização, em que os quatro companheiros de armas cantam como se não houvesse amanhã, funciona tão bem, pois ela representa o alívio de Dude ao finalmente sentir-se merecedor daquele acolhimento, de fazer parte daquele grupo de heróis dos quais queria estar à altura.

Se John Wayne e Dean Martin são as duas grandes forças motrizes do filme, o elenco de apoio é o que torna ele todo um dos melhores exemplares do gênero. Walter Brennan, com sua fala acaipirada e desdentada, faz de seu Stumpy um ótimo alívio cômico, sempre rendendo boas risadas em todas as cenas que aparece. O mesmo valendo para o Carlos de Pedro Gonzalez Gonzalez. E mesmo tendo como principal função trazer humor à trama, ambos têm papel de destaque e importância na história.

E Angie Dickinson não é só um rostinho bonito, e muito menos uma mocinha indefesa e chorosa que está lá apenas para cumprir a quota de romance tolo num filme dominado por homens. Sua Feathers tem uma personalidade forte e decidida, e não se intimida diante do inflexível Chance.

Enquanto o elenco dá o melhor de si, Howard Hawks dirige com precisão, compondo cenas de ação engenhosas, e explorando ao máximo as locações em planos abertos bem planejados, e enquadramentos elegantes, que jamais deixam o espectador perdido quanto à posição dos atores. Tudo isto belamente fotografado por Russell Harlan, que faz um excelente trabalho, especialmente nas cenas noturnas.

Onde Começa o Inferno é um faroeste completo, traz uma história que, sem grandes esforços, prende a atenção do início ao fim, e possui uma das melhores seleções de personagens do gênero. Não se trata apenas de um clássico, é uma verdadeira obra-prima do cinema.




Nota 5 de 5

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