domingo, 3 de julho de 2011

[CRÍTICA] Gran Torino

Título original: Gran Torino
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Nick Schenk e Dave Johannson
Elenco: Clint Eastwood (Walt Kowalski), Christopher Carley (Padre Janovich), Bee Vang (Thao), Ahney Her (Sue), Brian Haley (Mitch Kowalski), Geraldine Hughes (Karen Kowalski), Dreama Walker (Ashley Kowalski), Brian Howe (Steve Kowalski), John Carroll Lynch (Barbeiro Martin), William Hill (Tim Kennedy)
Ano: 2008
Duração: 116 min.


Ao contrário do que algumas pessoas dizem de Gran Torino, não o considero como mais uma tentativa de Eastwood em investir numa abordagem de sua própria persona cinematográfica, semelhante à vista em Os Imperdoáveis. Este filme parece mais uma brincadeira do ator/diretor consigo mesmo, e isto é algo que fica evidente desde as primeiras cenas em que seu Walt Kowalski aparece. Sua interpretação é cheia de resmungos e rosnados caricatos, e sua insensibilidade diante da morte da esposa é um tanto artificial.

Claro que há temas abordados de forma realista, como a violência juvenil, o preconceito racial, por outro lado há vários momentos em que a história exige um bocado de nossa suspensão de descrença, especialmente quando Walt confronta gangues armadas e sai ileso, fazendo valer apenas de sua postura de velho pistoleiro solitário que ainda não perdeu o jeito na hora de intimidar delinquentes.

Apesar disto, a mudança de postura de Walt é bem trabalhada pela trama através da amizade que se forma entre ele e Sue (Ahney Her), mas a história começa a demonstrar suas deficiências quando investe na relação com Tao (Bee Vang), que mesmo sendo o foco central da narrativa, e rendendo algumas passagens divertidas, como aquela em que Walt tenta ensinar o rapaz a conversar "feito homem", é prejudicada pela falta de talento do jovem ator.

Não demora muito pra tornar-se clara a intenção de contar uma história sobre redenção, que é praticamente jogada na cara do espectador quando surge a história da participação de Walt na Guerra da Coréia, e entendemos sem esforço o porquê de ele insistir em viver numa vizinhança cuja maioria dos moradores é de origem asiática. Com isto a trama ficou engessada, e somada à atuação de Eastwood, que insiste em criar uma caricatura de si mesmo, a construção dos conflitos e dilemas que movem a história acabam soando artificiais, assim como alguns diálogos.

O que faz compensar as deficiências do roteiro é seu final, cuja condução é bem feita, brincando com nossas expectativas, e nos pegando de surpresa no último momento.

Gran Torino faz parte daquela categoria de filmes em que o diretor parece indeciso sobre o tom que quer dar à história, não fosse isto, ele inteiro funcionaria tão bem quando seu ato final.




Nota 3,5 de 5

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