terça-feira, 19 de julho de 2011

[CRÍTICA] Encontros no Fim do Mundo

Título Original: Encounters at the End of the World
Direção: Werner Herzog
Roteiro: Werner Herzog
Elenco: Werner Herzog (narrador), David Ainley (ecologista marinho) , Samuel S. Bowser (biólogo celular), Regina Eisert (fisiologista), Kevin Emery (instrutor de sobrevivência da Estação McMurdo), Ryan Andrew Evans (cozinheiro da Estação McMurdo), Ashrita Furman (multi-recordista mundial), Peter Gorham (físico da Universidade do Havaí), William Jirsa (linguista e perito em computador da Estação McMurdo), Karen Joyce (perita em computador), Doug MacAyeal (glaciologista da Estação McMurdo), William McIntosh (vulcanólogo e geocronologista), Olav T. Oftedal (ecologista nutricional), Clive Oppenheimer (vulcanólogo), David R. Pacheco Jr. (bombeiro viajante), Stefan Pashov (motorista de empilhadeira da Estação McMurdo), Jan Pawlowski (zoólogo), Scott Rowland (departamento de transporte da Estação McMurdo), Ernest Shackleton (ele mesmo em imagens de arquivo), Libor Zicha (mecânico)
Ano: 2007
Duração: 99 minutos


Este é o segundo documentário de Herzog que assisto (o primeiro foi "O Homem Urso"), e ainda não foi desta vez que ele me decepcionou, muito pelo contrário.

Sua direção parece mais refinada aqui do que em seu trabalho anterior. As perguntas são menos incisivas na tarefa de desnudar seus entrevistados. Herzog parece mais interessado em extrair de cada um deles um testemunho profundo que o ajude a construir um quadro amplo da relação entre a humanidade e a natureza. Quase como se este fosse uma continuação temática de seu documentário anterior.

As perguntas que Herzog faz a seus entrevistados incomodam, não por serem intrusivas, mas pela natureza inusitada delas. O atordoamento que ele causa é notável em vários momentos, pois são o tipo de questionamento que poucos estão dispostos a responder, ou sequer fazer a si mesmos, e é nas respostas que recebe, e na forma como conduz sua "investigação", que se encontra o elemento fundamental para que este documentário se sobressaia.

Outra peculiaridade de Herzog é seu hábito de deixar sua câmera filmando seus entrevistados mesmo após terminada a entrevista. Eles se tornam seu objeto de estudo, dos quais tenta captar reações, e comportamentos resultantes da zona de desconforto da qual acabou de libertá-los. Para Herzog o ser humano nada mais é que outra espécie a ser estudada.

As belas imagens contemplativas, somadas a uma trilha sonora que estimula a introspecção, formam uma simbiose perfeita com as divagações filosóficas que servem de transição entre um segmento e outro do documentário. Auxiliam ainda a transmitir ao espectador o misto de desesperança e ansiedade que permeiam cada indagação de Herzog, que por vezes parece buscar alguma prova de que ainda há esperança para a humanidade, um mistério essencial escondido naquela vastidão gelada.

Encontros no Fim do Mundo pode até não ser o tipo de documentário que irá mudar sua vida, mas certamente o fará pensar a respeito do papel de todos nós neste mundo, e sobre nossas próprias origens, e o que deixaremos como legado aos que vierem depois, mesmo que sejam alienígenas num futuro remoto, desvendando os mistérios de uma espécie já extinta. Só por isto merece figurar entre os melhores.


Nota: 5 de 5

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