sábado, 30 de julho de 2011

[CRÍTICA] Festim Diabólico

Direção: Alfred Hitchcock
Roteiro: Hume Cronyn e Arthur Laurents
Elenco: James Stewart (Rupert Cadell), Joan Chandler (Janet Walker), John Dall (Brandon Shaw), Farley Granger (Phillip Morgan), Cedric Hardwicke (Sr. Henry Cantley), Constance Collier (Sra. Anita Atwater), Douglas Dick (Kenneth Lawrence), Edith Evanson (Sra. Wilson), Dick Hogan (David Kentley).
Duração: 80 min.
Ano: 1948

O que impressiona em Festim Diabólico, além do domínio da técnica empregada por Hitchcock, a precisão de seus enquadramentos, e a sincronia com o "momentum" dos atores em cena, é toda a concentração do elenco que, exceto por aqueles pontos da história em que ele se faz necessário, não há sinal de nervosismo diante do desafio que lhes foi proposto pelo diretor.

Todos os atores estão muito bem afiados, e suas interações surgem naturalmente, mas John Dall especialmente se destaca, pela forma como oscila seu temperamento e postura no decorrer da trama. Inicialmente confiante na inteligência e impecabilidade de seu crime, quando se encontra diante da figura de Rupert (James Stewart), que minutos antes ele exaltava como um dos homens mais respeitáveis que conheceu, suas fragilidades são expostas através da gagueira que domina sua fala, do nervosismo de seus gestos. E notem como ele procura se recompor logo que Rupert sai de cena, e ele volta a conversar com os demais convidados, tudo isto num plano sem cortes, que testa os limites do talentoso ator.

James Stewart também brilha em cada aparição de seu personagem, tornando o suspense da história ainda mais enervante, quando constamos sua inteligência e sua capacidade de observação, e a maneira como investiga suas suspeitas, conduzindo meticulosamente seus diálogos, de forma a instigar Brandon e Phillip a uma reação que rompa o véu de inquietação e estranheza que ambos criaram sem intenção.

Apesar de curto, e de ser filmado de forma a passar a impressão de que a história se passa em tempo real, o roteiro é excepcional na tarefa de apresentar seus personagens, suas relações entre si, e com a vítima do crime, e é preciso ao revelar informações sobre o passado de Brandon, Phillip e Vincent, que torna-os mais complexos em suas motivações e decisões do que suspeitávamos no início da trama.

Uma das muitas obras-primas produzidas por Hitchcock, e sem dúvida um dos melhores suspenses de todos os tempos. Verdadeira aula de como equilibrar técnica, talento e roteiro, todos perfeitamente alinhados, numa harmonia que pouco se vê em filmes do gênero, e de qualquer outro.

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