sexta-feira, 15 de julho de 2011

[CRÍTICA] O Cheiro do Ralo

Título Original: O Cheiro do Ralo
Direção: Heitor Dhalia
Roteiro: Heitor Dhalia, Lourenço Mutarelli, Marçal Aquino
Elenco: Selton Mello (Lourenço), Paula Braun (Garconete), Lourenço Mutarelli (Segurança), Tobias Vai Vai (Caixa da Lanchonete), Sílvia Lourenço (Viciada), Lorena Lobato (Mulher Casada), Fabiana Guglielmetti (Noiva), Alice Braga (Garçonete Dois), Suzana Alves (Cadela In Pink), Hugo Villavicenzio (Homem do Gramofone), Pedro (II) Vicente (Homem dos Livros), Dionísio Neto (Homem dos Discos), Alvaro Muniz (Encanador), Wolney de Assis (Homem da Caneta), Jorge Cerruti (Homem do Olho de Vidro), Milhem Cortaz (Encanador), Calico (Homem da Perna), Flavio Bauraqui (Homem da Caixa de Música), Roberto Audio (Homem da Flauta), Ariel Moshe (Homem das Cédulas), Estevan Gonzalo (Homem do Autógrafo), Abrahão Farc (Homem dos Soldadinhos), Martha Meola (Secretária), Morgani (Homem Abertura), Morelli (I) (Homem do Violino), Hossein Minussi (Encanador), Leonardo Medeiros (Jesus Kid), Fernando Macário (Entregador de Pizza), Waldir Grillo (Homem do Ancinho), André Frateschi (Homem do Vodu), Gustavo Trestini (Tenente), Xico Sá (Homem do Gênio da Garrafa), Luciano Gatti (Homem do Livro), Paulo (III) Alves (PM 1), Nivaldo (Homem da Gaiola), Paulo César Peréio (Pai da Noiva), Zé Pineiro (Homem do Revólver), Augusto Pompeo (Homem do Faqueiro), Negro Rico (PM 2), Mário Schoemberger (Homem do Relógio)
Ano: 2006
Duração: 112 minutos


Como um personagem tão detestável pode ser o protagonista de um filme, e tornar a tarefa de assisti-lo divertida? Com um ótimo roteiro, elenco à altura, e uma direção que transforme repugnância em absurdos hilários, e insights surpreendentemente profundos sobre seu protagonista.

O cheiro do ralo, o olho "do pai", a bunda, a obsessão em possuir tudo que deseja, todos elementos que funcionam em duas camadas, seja como elementos cômicos, ou como pequenas pistas do que levou Lourenço a ser como é, e desenvolver as neuroses que possui e se agravam ao longo da história.

É irresistível a tentação de associar o odor do ralo com os desejos reprimidos e socialmente reprováveis do inconsciente de Lourenço, e ver o olho "do pai" como uma representação simbólica do superego, vigiando cada atitude do protagonista, que tenta apaziguar sua consciência tornando o "olho" seu cúmplice.

A "bunda" é um caso a parte, podendo representar tanto o desejo desesperado de Lourenço em estabelecer algum tipo de conexão apaixonada com outro ser humano, ao mesmo tempo que representa, na visão deturpada de Lourenço, sua vontade de ligar-se a uma "força superior" (completando o quadro que ele mesmo pinta, ao associar o cheiro do ralo ao Inferno).

Lourenço acaba pagando por seus pecados logo depois de alcançar a "salvação/bunda", ao ser mortalmente baleado pela garota de quem abusou.

É por possibilitar múltiplas leituras como esta que O Cheiro do Ralo torna-se um entretenimento inteligente sem soar excessivamente intelectual, e permitir que o expectador o aprecie sem exigir do mesmo uma leitura profunda da história.


Nota: 4 de 5

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