segunda-feira, 18 de julho de 2011

[CRÍTICA] MicMacs - Um Plano Complicado

Título Original: Micmacs à Tire-Larigot

Direção: Jean-Pierre Jeunet

Roteiro: Guillaume Laurant, Jean-Pierre Jeunet

Elenco: Philippe Girard (Gravier), Dany Boon (Bazil), André Dussollier (Nicolas Thibault de Fenouillet), Jean-Pierre Becker (Libarski), Stéphane Butet (Matéo), Urbain Cancelier (Le gardien de nuit de Marconi), Nicolas Marié (François Marconi), Jean-Pierre Marielle (Placard), Yolande Moreau (Tambouille), Julie Ferrier (La Môme Caoutchouc), Omar Sy (Remington), Dominique Pinon (Fracasse), Michel Crémadès (Petit Pierre), Marie-Julie Baup (Calculette), Patrick Paroux (Gerbaud)

Ano: 2010

Duração: 105 minutos


Jean-Pierre Jeunet tornou-se um diretor especialista em contar fábulas modernas, a começar pela fotografia de seus filmes, sempre muito colorida, e criando uma versão mais lúdica do mundo que conhecemos. A partir desta ambientação fantasiosa, os exageros e situações que beiram o absurdo tornam-se aceitáveis, especialmente quando eles agem para defender uma ideia simples: o combate ao enorme poder da indústria armamentista.

Apesar da premissa, Jeunet confere leveza à história, seja através da excentricidade da maioria dos personagens que povoam a trama, ou do fascínio infantil que desperta no espectador ao apresentar as invenções de Petit Pierre (Michel Crémadès), e as estratégias mirabolantes e divertidas que o grupo liderado por Bazil (Danny Boon) usa contra os traficantes de armas.

Além disto, o diretor tira proveito de cada situação que o permita mudar o estilo narrativo da história, como já havia feito em Amélie Poulain e Eterno Amor. Os exercícios imaginativos de Bazil, feitos na forma de animações estilizadas, e a forma como é mostrado o que dois personagens pensam que está acontecendo em torno deles, com base apenas nos sons que escutam enquanto estão de olhos vendados, são dois ótimos exemplos da inventividade de Jeunet.

Já a direção de arte é excepcional, desde o refúgio construído inteiramente com aparelhos e máquinas recicladas, até a sala onde le Fenouillet (André Dussollier) exibe sua coleção de pedaços de corpos de personalidades famosas.

Além do primor técnico, o elenco é muito bem aproveitado. Mesmo apresentando atuações equilibradas, destacam-se Omar Sy, cujo exagero bem dosado de Remington diverte, e, claro, Dominique Pinon, ator fetiche do diretor, cuja presença é sempre bem vinda. E Danny Boon se sai bem ao interpretar Bazil, que parece um personagem recém-saído de um filme mudo, comunicando-se mais por gestos do que por palavras.

Apesar do roteiro um tanto confuso em alguns momentos, MicMacs firma-se como uma obra encantadora, cercada daquele ar nostálgico que Jean-Pierre Jeunet especializou-se em dar a seus filmes, e satisfatória como entretenimento e deleite visual. Se o final não deixá-lo com um sorriso de satisfação no rosto, é porque seu coração é bem amargo.

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