domingo, 3 de julho de 2011

[CRÍTICA] Os Imperdoáveis


Título original: Unforgiven
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: David Webb Peoples
Elenco: Clint Eastwood (Bill Munny), Gene Hackman (Little Bill Daggett), Morgan Freeman (Ned Logan), Richard Harris (English Bob), Jaimz Woolvett (Schofield Kid), Saul Rubinek (W. W. Beauchamp), Frances Fisher (Strawberry Alice)
Ano: 1992
Duração: 131 min.




Clint Eastwood, demonstrando sabedoria e talento, desmistifica o gênero que ajudou a ganhar força e aclamação, ao lado de um elenco de personagens arquetípicos do faroeste, que vão desde o novato que quer ganhar fama, ao velho parceiro que abandona sua vida pacata para um último trabalho. Mas pára por aí. Logo nos vemos diante de um herói alquebrado, que mal consegue subir num cavalo; um ex-companheiro de armas que fraqueja na hora de matar um homem; e um novato que, apesar de afirmar o contrário, não tem a menor vocação para a vida que sonha em levar.

Paralelo a tudo isto temos a breve história de English Bob (Richard Harris), que funciona como recurso metalingüístico, comentando a própria tarefa a que o filme se entrega: a desconstrução de um mito.

É notável ainda a semelhança física entre o Kid de Jaimz Woolvett e o Colorado Ryan, interpretado por Rick Nelson no clássico Onde Começa o Inferno, algo que me fez pensar diversas vezes se foi uma escolha intencional de Eastwood ou uma feliz coincidência. Ambos os personagens são jovens pistoleiros que buscam fazer seu nome, mas a abordagem aqui vai contra o tom imponente e glorioso do filme de Howard Hawks, e trabalha a favor da desmistificação da figura clássica do rapaz cheio de valentia.

A competência de Eastwood na direção fica flagrante durante toda a duração do longa, que jamais soa cansativo e desinteressante, mas se destaca na seqüência carregada de suspense em que Little Bill (Gene Hackman) instiga Beauchamp (Saul Rubinek) a usar uma arma contra ele. Toda a condução da cena é tão bem feita e envolvente, que o espectador jamais consegue prever o que virá a seguir.

Sem dúvida um dos melhores momentos da carreira de Clint Eastwood, um mito que se desfaz e se reconstrói, mais imponente e venerável que em seus dias de glória.




Nota 5 de 5

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