quinta-feira, 21 de julho de 2011

[CRÍTICA] Arriety

Título Original: Kari-gurashi no Arietti
Direção: Hiromasa Yonebayashi
Roteiro: Hayao Miyazaki, Keiko Niwa
Elenco (vozes): Mirai Shida (Arietty), Ryûnosuke Kamiki (Shô), Shinobu Ohtake (Homily), Keiko Takeshita (Sadoko), Tatsuya Fujiwara (Spiller), Tomokazu Miura (Pod), Kirin Kiki (Haru)
Duração: 94 min.
Ano: 2010


O deslumbramento visual provocado pelas produções do Estúdio Ghibli é incontestável. A cada nova produção seus animadores encontram uma nova forma de nos impressionar com sua técnica tradicional de dar vida a mundos e personagens fantásticos.

A riqueza de detalhes encontrados em Arrietty nos joga num mundo que pouco difere do nosso, exceto por um pequeno detalhe: a existência de pessoas diminutas que fazem o que podem para não se revelarem às "gigantes", mesmo que sua sobrevivência dependa de pequenos objetos e porções quase insignificantes de alimentos que tomam "emprestados" deles. Se um dos pequeninos é visto por um gigante, toda a sua família é obrigada a mudar para um outro local onde ninguém suspeita que eles existem.

Tecnicamente beirando a perfeição, o traço simples, marca registrada do estúdio, é rico nas sutilezas que consegue imprimir a seus personagens. Todos se movem, gesticulam e se expressam de maneira verossímil. Além disto há todo o minucioso trabalho de animar folhas que se movem conforme os personagens abrem caminho através delas; o cuidado em levar em consideração que na escala de Arriety e sua família os líquidos têm uma aparência mais densa e globular; ou que uma fita dupla face pode ser muito bem usada para escalar móveis.

Aliás, outra grande diversão que o filme proporciona é justamente descobrir na casa de Arriety objetos no nosso dia-a-dia, e para que finalidade são usados por eles. Neste ponto a primeira metade da história cumpre muito bem a tarefa de introduzir o espectador ao mundo em miniatura dos personagens, e deixá-lo tão fascinado por ele como Arriety fica ao ver pela primeira vez a imensidão de uma cozinha "de verdade", ao explorá-la com seu pai.

O roteiro de Hayao Miyazaki e Keiko Niwa aposta em uma premissa simples, e investe mais na construção do cenário e do problema enfrentado por Arriety e seus pais, mas deixa um pouco a desejar na elaboração de seus personagens.

A protagonista parece uma versão mais madura e menos encantadora de Kiki (O Serviço de Entregas da Kiki), aborrecida e deprimida em boa parte do filme. Já Sho é inexpressivo, e apesar do papel central que ocupa na trama, ele não funciona muito bem como representante do espectador naquele mundo fantástico. Diferente de obras como Meu Vizinho Totoro e Ponyo, falta ao elenco de Arriety um pouco mais de entrega e paixão, para que nos importemos mais com eles.

Ainda assim merece ser conferido, tanto pela qualidade da animação, como pela bela trilha sonora, e pelo cuidadoso trabalho de tornar verossímil a existência daquelas pessoinhas.

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