sábado, 6 de agosto de 2011

[CRÍTICA] Nada de Novo no Front

Direção: Lewis Milestone
Roteiro: Maxwell Anderson, George Abbott, Del Andrews e C. Gardner Sullivan

Elenco: Louis Wolheim (Kat Katczinsky), Lew Ayres (Paul Bäumer), John Wray (Himmelstoß), Arnold Lucy (Prof. Kantorek), Ben Alexander (Franz Kemmerich), Scott Kolk (Leer)
Duração: 145 min.
Ano: 1930

Não é a toa que Sem Novidade no Front ocupa merecidamente o 7º lugar na lista dos 10 maiores épicos do cinema. Além de ser tecnicamente impressionante, o filme é um feito de direção, roteiro, e apresenta uma das melhores reconstituições de época já realizadas, em parte pelo fato de ser produzido numa época tão próxima dos eventos retratados (a Primeira Guerra durou até 1918, apenas 12 anos antes das filmagens começarem).

Seus personagens são bem trabalhados, carismáticos, e não estão lá só para morrer e causa choque, ou uma comoção artificialmente provocada. As cenas de combates são bem montadas, a câmera acompanha os soldados através de travelings bem empregados, e a montagem é dinâmica (foca no soldado disparando a metralhadora de um lado pro outro, corta pros soldados caindo um a um acompanhando o movimento do take anterior, volta pro cara metralhando, pros soldados, e assim vai).

O roteiro é ótimo, e mantém-se coeso mesmo quando se permite retratar pequenos contos relacionados à guerra, sem que soem episódicos. A história do par de botas que passa de um dono a outro; o soldado que fica preso com um inimigo moribundo dentro de uma trincheira; o jovem que volta do campo de batalha para casa, e chega à conclusão de que não serve mais para ter uma vida normal, todos funcionam, ao mesmo tempo, de maneira independente e como parte da trama principal.

Não é um filme para aqueles que preferem uma história mais focada em grandes e violentas batalhas, embora exista sua parcela delas. Sem Novidade no Front é para quem gosta da 7ª arte como meio de refletir sobre os efeitos da guerra em soldados, e naqueles que estão do lado de fora, enxergando apenas a parte gloriosa vendida para jovens ainda em busca de sua identidade, e de seu lugar num mundo que exige mais do que realmente pode pagar a eles em retribuição.

A cena final, bela, poética, e dolorosamente triste, é a perfeita síntese da mensagem que Lewis Milestone tenta passar adiante, e a prova de que acabamos de assistir um dos grandes libelos anti-belicistas que o cinema já produziu. Um clássico completo.

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