segunda-feira, 22 de agosto de 2011

[CRÍTICA] O Planeta Proibido




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Título Original: Forbidden Planet
Diretor: Fred M. Wilcox
Roteiro: Cyril Hume
Elenco: Leslie Nielsen (Comandante J. J. Adams), Walter Pidgeon (Dr. Edward Morbius), Anne Francis (Altaira "Alta" Morbius), Warren Stevens ("Doc" Ostrow)
Ano: 1956
Duração: 98 min.


O Planeta Proibido é daqueles clássicos da ficção científica que envelheceram bem. Apesar do uso de idéias embasadas no conhecimento científico da época tornar algumas delas antiquadas e até absurdas (a corrida espacial entre os EUA e a União Soviética começaria pra valer apenas no ano seguinte, com o lançamento do satélite artificial Sputnik pelos russos), a qualidade da produção, e a engenhosidade do roteiro, conferem ao filme aquele charme dos bons exemplares do gênero, que dão ao espectador a chance de se divertir vendo como imaginavam o futuro na década de 1950, em que a exploração espacial estava mais ligada à fantasia do que à ciência.

É notável a forma como a equipe de efeitos especiais contornou várias das limitações da época, sem permitir que o filme caísse no sub-gênero trash. Ao invés de um monstro malfeito de borracha, por exemplo, que soaria pouco convincente, temos uma criatura invisível, cuja forma fica apenas sugerida durante sua investida contra uma cerca elétrica, em que animação tradicional é empregada de maneira orgânica.

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Invasores terráqueos


A direção de arte também é ótima, a começar pelas paisagens com plantas de cores exóticas, que aliadas ao céu esverdeado se mostram o suficiente para dar àquele mundo um visual alienígena.

Outra ótima sacada é a ironia da nave dos terráqueos ser um disco voador, uma forma até então associada a filmes sobre a invasão da Terra por seres de outros planetas.

Impressiona, ainda, a proporção do cenário criado para representar o gigantesco maquinário subterrâneo dos Krell, que reforça a idéia de uma civilização que atingiu o auge de suas realizações científicas, além de tornar plausível a natureza da ameaça invisível, que é revelada mais tarde.

E não podemos falar do design de produção sem citar Robby, o Robô, criação do diretor de arte Robert Kinoshita, que também é o criador do famoso robô da série Perdidos no Espaço. Robby, mesmo não possuindo qualquer traço que remeta a um ser humano (com exceção das pernas e braços), possui personalidade. É cordial e obediente, mas sua “face” composta de engrenagens, válvulas, circuitos e luzes torna-o ambíguo, e adiciona mais imprevisibilidade à história.

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Cenários grandiosos


Outro grande acerto da produção é a trilha sonora eletrônica. Quase onipresente ao longo do filme, ela ajuda a estabelecer um clima de estranheza à trama e ao mundo onde ela ocorre. Mesmo em cenas "românticas" os arranjos eletrônicos se fazem presentes, potencializando o suspense e a sensação de uma ameaça que pode revelar-se a qualquer momento.

Das interpretações merece destaque Walter Pidgeon, que na medida do possível torna o Dr. Edward Morbius um personagem complexo, sempre levantando suspeitas para logo em seguida rebatê-las; e a Altaira interpretada por Anne Francis, cujo comportamento ingênuo e levemente dissimulado, somado à sua estranha falta de excitação inicial a estímulos físicos, acaba elevando indiretamente o suspense em torno da natureza da ameaça invisível que ronda aquele planeta. Enquanto isto, Leslie Nielsen, mesmo fazendo um papel mais sério em comparação àqueles pelos quais ficaria mais conhecido, já exibe seu carisma habitual, e convence como o herói da história.

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Leslie Nielsen e Anne Francis, com suas pernas estonteantes


Com um desfecho que surpreende pela natureza da ameaça enfrentada pelos personagens, e um roteiro bem amarrado que contorna as limitações da época com idéias e conceitos bem empregados, O Planeta Proibido é um verdadeiro clássico da ficção científica, obrigatório para os apreciadores do gênero.



Nota 4 de 5

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