terça-feira, 2 de agosto de 2011

[CRÍTICA] Intriga Internacional

Direção: Alfred Hitchcock
Roteiro: Ernest Lehman
Elenco: Cary Grant (Roger O. Thornhill), Eva Marie Sant (Eve Kendall),
James Mason (Phillip Vandamm) e Martin Landall (Leonard).
Duração: 131 min.
Ano: 1959

O que torna Intriga Internacional um filme tão agradável de assistir, em primeiro lugar, é o trabalho de Cary Grant. Seu personagem é o velho conhecido sujeito comum envolvido numa situação extraordinária, mas graças ao trabalho do ator, que faz de Roger Tornhill um cara esperto e bem articulado, não demora muito para confiarmos em sua capacidade de livrar-se de qualquer enrascada, por mais complicada que ela nos pareça.

Todo o suspense e imprevisibilidade do filme não reside no fato de não sabermos se o mocinho terminará a trama vivo ou morto, mas sim em como, e se, ele chegará ao cerne do jogo kafkiano para o qual foi arrastado no início da história. Visto que estamos falando de mais uma obra do mestre do gênero, pode apostar que tudo irá se enroscar mais ainda antes de descobrirmos o que diabos está acontecendo com Roger.

Eu adoro como Hitchcock não perde tempo e parte logo para a premissa. Vemos uma rápida conversa entre Roger e sua secretária; ele entra num carro; chega num hotel onde vai se encontrar com alguns empresários; conversa um pouco com eles; sai um minuto pra enviar um telegrama; e no caminho é sequestrado pelos capangas do vilão da história. Tudo isto muito bem resolvido nos 6 primeiros minutos. Não tem como não gostar de uma introdução como esta!

Daí pra frente, exceto por uma retomada de fôlego no meio da história, quando ela é parcialmente interrompida para apresentar o interesse romântico do protagonista, a correria não pára mais.

Até aqui é o filme mais movimentado de Hitchcock que assisti, não exatamente por suas cenas de ação, mas pelo ritmo da história mesmo. Roger sai de um aparente beco sem saída para dar de cara com outro, e assim prossegue até o fim.

Impossível não comentar sobre a icônica sequência do avião. Ela inteira é excepcional, mas chamou-me a atenção especialmente todo o trabalho de direção e montagem feito antes de começar a perseguição em si. O momento em que Roger chega na encruzilhada deserta; sua longa espera, sobressaltando-se sempre que um veículo se aproxima, na expectativa de que "desta vez" será George Kaplan; e o detalhe do avião passando lá no fundo muito antes de ganhar destaque. Genial.

E como se apenas uma cena memorável não fosse o bastante, Hitchcock ainda nos presenteia com o clímax no Monte Rushmore, que é outro daqueles momentos que transformam um filme em algo maior que a vida, assim como foi grande parte de sua obra.

Intriga Internacional é mais um trabalho de direção excepcional, um verdadeiro banquete para amantes do cinema em busca daquelas iguarias raras, que ficam mais deliciosas a cada nova mordiscada.

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