sábado, 6 de agosto de 2011

[CRÍTICA] Psicose

Direção: Alfred Hitchcock
Roteiro: Joseph Stefano
Elenco: Janet Leigh (Marion Crane), Anthony Perkins (Norman Bates), Vera Miles (Lila Crane) e John Gavin (Sam Loomis)
Duração: 109 min.
Ano:
1960

Psicose é outro daqueles grandes clássicos do cinema que intimida qualquer pessoa que o respeita como tal, e ainda assim deseja escrever uma opinião mais crítica a seu respeito.

Hithcock já não precisava provar mais nada na época que o dirigiu, tendo produzido alguns dos melhores suspenses já realizados, mas o fez, e novamente inovou com uma história conduzida com sua genialidade habitual.

Pequenos detalhes, como as cenas em que Marion imagina supostas conversas entre seus conhecidos em reação ao seu desaparecimento, que servem tanto para ilustrar seu estado psicológico, como para preencher lacunas da história. Ou a fixação de Norman Bates por pássaros, sugerindo seu desejo oculto por libertar-se de sua condição (além de ser um easter-egg não-intencional para o filme seguinte de Hitchcock). Todo esse cuidado no desenvolvimento dos personagens e na composição dos cenários é o que diferencia um bom diretor de um prodígio.

E não é a toa que o diretor nutria tanto respeito por Anthony Perkins durante as filmagens. Seu trabalho em Psicose é excepcional. Simpático e bom moço no início, Norman Bates não desperta suspeitas, até que o ator começa oferecer insights sobre os recessos mais ocultos da personalidade de Bates, durante seu jantar com Marion em sua sala reservada, cercado por pássaros empalhados. Não é a toa que o roteiro se permite uma das viradas mais ousadas já realizadas num suspense, para dar mais espaço ao seu desenvolvimento e nos permitir investigar mais a fundo este personagem tão fascinante.

A famosa cena do banho, por mais que você tenha visto inúmeras vezes antes de assistir o filme em si, continua impactante até hoje. Tensa, fragmentada, cheia de cortes precisos que fazem uma perfeita rima visual ao que ela própria exibe ao espectador, serve tanto para pontuar os golpes desferidos pelo criminoso, como o estado de surpresa, confusão e pânico da vítima, que em seus últimos segundos de vida, paralelamente à sua luta para sobreviver ao ataque, parece travar também uma luta interna, numa última tentativa de juntar as peças que a levaram àquele momento, na esperança de entender porque aquilo estava acontecendo com ela. Estaria sendo punida pelo crime que ela própria cometeu, e pelo qual vinha sentindo-se culpada desde o primeiro instante em que decidiu cometê-lo? É arrependimento o que vemos em seu olhar derradeiro?

Com um roteiro excelente, capaz tanto de instigar o espectador a desvendar seu mistério, como ainda promover um brilhante estudo de personagem, e um Hitchcock com total confiança em sua capacidade de potencializar o mistério da trama, Psicose ainda conta com uma das trilhas sonoras mais brilhantes e icônicas do cinema, composta por Bernard Herrmann, outro gênio.

Obrigatório para qualquer cinéfilo que se preze.

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